Em 1995, Walter Tichy e coautores mostraram em seu artigo “Experimental Evaluation in Computer Science: A Quantitative Study”, que, em uma amostra de 400 artigos publicados pela ACM, 40% daqueles cujos resultados dependiam de alguma validação experimental não tinham nenhuma. Comparativamente, esta taxa era bem inferior (aproximadamente 10%) em outras áreas. Dez anos mais tarde, Dror Feitelson, em seu artigo “Experimental Computer Science: The Need for a Cultural change”, argumentou pela necessidade de uma maior importância à experimentação em Ciência Computação. Como levantado por Tichy e Feitelson, vários pesquisadores têm questionado, ao longo dos anos, o nível e a qualidade da experimentação realizada pela comunidade de Ciência da Computação, principalmente quando comparados aos de outras áreas de conhecimento. São adequados? Deveríamos ter mais experimentação? Considerando que a essência da pesquisa científica está exatamente na experimentação, podemos mesmo chamar a nossa área de Ciência da Computação? Motivados por estes questionamentos, foi criado a mais de dez anos, a disciplina Métodos Quantitativos em Ciência da Computação Experimental no Departamento de Ciência da Computação da UFMG. Esta disciplina visa, exatamente, fortalecer os conhecimentos e habilidades dos nossos alunos – pesquisadores em formação – quanto ao método científico, que, por sua vez, está fortemente embasado na estatística inferencial e descritiva. Nesta palestra eu vou relatar um pouco da minha experiência nesta disciplina, ilustrando exemplos de sucesso, isto é, exemplos de pesquisas que foram norteadas e conduzidas seguindo os conceitos nela apresentados. Estes exemplos cobrem temas diversos incluindo modelagem de comportamento de usuários e previsão de popularidade.